quinta-feira, 10 de outubro de 2013
Mergulho em um mundo novo
Quem já mergulhou concorda: é uma experiência única. Quem consegue vencer a resistência inicial, o medo da água, descobre um mundo novo. Num certo sentido, quem mergulha vive em outro planeta, porque a Terra passa a ser outra. O mar, que parecia uma grande superfície de duas dimensões, ganha profundidade.*Os rios, que pareciam apenas um emaranhado de águas, lhes mostram toda sua plenitude subaquática com diversas plantas e animais:Um panorama fantástico escondidinho lá no fundo e só visto por quem descobre este fascinante esporte que é o mergulho.
Tem mais. O mergulho é uma experiência que aguça a percepção do próprio corpo e, quando a gente passa a relaxar, vira um momento de paz, com reflexos até na vida cotidiana. Embaixo d´água, fica tudo muito silencioso e a atenção se volta para a respiração.O esporte também costuma envolver um passeio bacana de barco, é uma chance de conhecer gente ligada à natureza e de apreciar cenários fantásticos.
*Geralmente quem mergulha, acaba se apaixonando também pela pesca subaquática, que é a forma mais seletiva de pescar e é completa porque engloba os esportes mais fascinantes: É natação, mergulho, tiro, pesca, canoagem e turismo porque você acaba conhecendo pessoas e lugares fantásticos.
Barulhinho bom
Uma das coisas que mais o atraem é o silêncio. Ou melhor, o pouco barulho, porque, na verdade, lá embaixo a gente continua ouvindo coisas, mas baixinho. E há sons característicos. A gente ouve o barulho das bolhas de ar que solta e, muito mais alto, a própria respiração. Dá até para prestar atenção nas batidas do coração. A recomendação para os mergulhadores é respirar profundamente, usando o diafragma, músculo que separa o tórax do abdômen. Nisso, a atividade se aproxima de algumas modalidades da ioga.
Admirável mundo novo
Vista aérea de um gigantesco rio na Amazônia, onde a equipe de pesca sub e mergulho Subhunters costuma fazer suas aventuras. Se quiser participar é só entrar em contato com o email wsniper@hotmail.com.br
O mergulho é como um banquete sensorial, em que a gente prova momentos únicos. O que dizer do visual lá embaixo? Peixinhos prateados, listrados, roxinhos. Corais em formato de cérebro, com a superfície enrugada ou com milhares de pequenas bocas que abrem e fecham. Costões que parecem catedrais de rocha e que vão da superfície até 20, 30, 40 metros de profundidade. Cavernas. Pedras gigantes sobrepostas, dá até para passar no meio. Navios afundados, cuja silhueta só fica mais clara à medida que a gente se aproxima. Sem falar nas coisas pequenininhas, um show à parte, mas só para o público seleto que não tem pressa e observa cada detalhe.
O contato físico com a bicharada é desaconselhado, por questões de segurança, mas há outros tipos de interação possível. Em áreas de golfinhos, não é raro eles aparecerem em cardumes e ficarem rodeando os mergulhadores por longos minutos. Quando querem ser rápidos, parecem torpedos. Os tubarões nadam com elegância.As tartarugas vão no passo lento do fundo do mar. As raias voam batendo as asas. São animais que a gente não vê de perto em nenhum outro lugar, e a emoção de estar ali, bem ao lado, é mais intensa que a que se sente assistindo a um documentário na TV.
Ambiente misterioso
Falando assim, parece tudo um mar de tranqüilidade e beleza. Mas não é. O mergulho envolve riscos, que vão do perigo de afogamento na superfície até o mais horripilante, como virarmos comida de tubarões ou deparmos com sucurí, caso o megulho for em água doce. Mas, calma, isso é totalmente desacreditado pelos especialistas no assunto. "Há muitos procedimentos de segurança que, somados ao bom senso, evitam acidentes", afirma Ricardo Meurer, conhecido no meio como Lalo, proprietário da escola Scubapoint, de São Paulo, e vicepresidente da Abem (Associação Brasileira das Empresas de Mergulho). Para Lalo, nem seria correto chamar o mergulho autônomo de esporte radical. É um esporte para família. *Já o mergulho livre, sem respiração artificial, é um esporte radical, porém, se você recebeu instruções adequadas, os riscos são controlados.
Para quem começou a se interessar pelo mergulho, não custa nada ter uma visão geral sobre as precauções. Alguns riscos dependem totalmente do mergulhador, como o de ficar sem ar lá embaixo. Para evitá-lo, há regras que devem ser seguidas à risca. Não se mergulha sozinho, mas sempre acompanhado de um parceiro, que deve estar próximo o tempo todo.
O cilindro é conectado a um mostrador da quantidade de ar, e é um procedimento básico checar seu oxigênio e o de seu dupla em intervalos regulares de tempo. Cada mergulhador tem duas válvulas separadas para respiração. Na hipótese de o fornecimento de ar ser cortado, é possível respirar normalmente com a válvula sobressalente do companheiro. Há outros riscos, sobretudo relacionados à pressão maior no fundo do mar, mas são controlados por procedimentos de segurança e pela supervisão dos instrutores. E o medo é um grande aliado do mergulhador: ele dá limites.
Para todos
A regra geral, dizem os instrutores, é as pessoas vencerem o medo ao constatar que o esporte não tem nada de radical. Tanto assim que crianças a partir de 10 anos podem praticá-lo, desde que acompanhadas por adulto, e não há limite máximo de idade. Quem tem necessidades especiais pode precisar de acompanhante com credenciais também especiais. Ricardo Meurer, por exemplo, já acompanhou um deficiente visual e um tetraplégico que foi conduzido durante toda a atividade e que, segundo Meurer, gostou muito da experiência.
Mergulhar é como dirigir um carro. No começo, parece que há pedais demais, que o volante tem de dar voltas demais, que acontecem coisas demais ao redor. Com o tempo, você vai ficando à vontade e vira um apaixonado. Como dizia Jacques Cousteau, "Os mergulhadores são uma gente diferente, que busca nesta vida mais do que foi dado".Uma das lagostinhas caçadas pela nossa equipe na Amazônia. Venha participar das nossas aventuras! Entre em contato com wsniper@hotmail.com.br
Fonte: Revista Vida Simples e *Notas do autor.
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